No dia 22 de maio é comemorado o dia do apicultor, profissão com forte presença de agricultores familiares.
Mas embora seja uma atividade rentável, os apicultores enfrentam várias dificuldades como a desorganização da cadeia produtiva, sazonalidade da demanda e ainda o trabalho com as abelhas, que exige capacitação e frequentemente ocasionam ferroadas.
A coordenadora Estadual de Pequenos Animais da Emater-MG, Márcia Portugal Santana, comenta que a apicultura tem crescido em todas as regiões mineiras. “Temos produção de mel em todo o estado, mas o Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha estão mais à frente na produção, por ter o maior número de abelhas. Lá tem o mel de aroeira que, segundo pesquisas, tem propriedades medicinais bastante diferenciadas. Eles então fizeram a indicação geográfica dessa região e o selo garantiu uma certificação desse mel, ampliando as vendas do produto”, salienta a coordenadora.
Preservação ambiental
Além do mel, a apicultura também tem outras fontes de receita. Em Minas Gerais, a produção de própolis em 2023 foi de cerca de 260 toneladas, sendo o estado o maior produtor de própolis verde. “Nós temos o pólen também, que em Minas Gerais não tem muita produção; a cera para velas, a geleia real e o veneno. Mas o trabalho mais importante das abelhas é a polinização, que garante a produção de alimentos em geral. A criação de abelhas é uma importante atividade agropecuária, compatível com a preservação do meio ambiente”, explica a coordenadora.
Márcia ressalta que a maioria dos apicultores mineiros é de pequenos produtores rurais, que usam a apicultura como uma segunda renda. “É uma atividade que dá muito certo para a agricultura familiar, pois o produtor pode ter pouca terra ou até colocar o apiário em outros locais, que não seja o sítio dele. Também não exige muito investimento financeiro inicial e é uma atividade que você não tem de fazer todos os dias. Mas é uma profissão que a pessoa tem que ter aptidão para mexer, não ser alérgica e se capacitar para ter um trabalho seguro”, salienta.
Mudança de profissão
Tânia do Carmo Tamietti se tornou apicultora há três anos, em São Joaquim de Bicas (Grande BH), deixando para trás o trabalho de fisioterapeuta e de bailarina do Palácio das Artes. “Eu sempre gostei de abelhas. Elas são incríveis. Nós tínhamos um sítio e nos deparamos um dia no mato com três caixas de abelha, abandonadas por um antigo caseiro. Como entrou a pandemia, decidi correr atrás de qualificação para produzir mel e nisso descobri uma paixão pela apicultura”, lembra Tânia.
Atualmente, a apicultora é atendida pela Emater-MG, participa da Associação de Meliponicultores e Apicultores do Médio Paraopeba e Região (AmamP) e tem uma distribuidora de produtos apícolas. “Não é qualquer pessoa que dá certo na atividade. Tem que gostar. É um trabalho exaustivo e árduo. Você leva ferroada mesmo com a roupa e dói muito. Mas é prazeroso poder oferecer um produto de qualidade e que propicia mais saúde para as pessoas”, argumenta a apicultora.
Apoio aos apicultores
No ano passado, a Emater-MG atendeu, em atividades de apicultura, 4.843 apicultores, realizando 6250 atendimentos no segmento. “A Emater-MG desenvolve junto aos apicultores uma série de ações, oferecendo assistência técnica, tanto para associações e cooperativas como para o produtor individual. Há ainda capacitações e medidas de fortalecimento da cadeia apícola, além da divulgação e acompanhamento do processo de certificação no Programa Certifica Minas Mel, junto ao IMA”, explica Márcia.
A Emater-MG também disponibiliza uma cartilha informativa sobre a apicultura em seu site (clique aqui). Além da criação das abelhas, os apicultores devem planejar também a implantação de uma "casa de mel", ou entreposto, destinado à manipulação e industrialização de mel e demais produtos apícolas, de acordo com as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Dificuldades
Minas Gerais possui um alto potencial para a produção apícola, com abundância de matas nativas e florestas plantadas, o que garante floradas durante todo o ano, permitindo a produção contínua de mel. As exportações mineiras de mel atendem a União Europeia, Reino Unido, Japão, Canadá, entre outros países. Mas a cadeia apícola mineira é pulverizada e de pouca intensidade tecnológica.
A sazonalidade da demanda (maior venda de produtos no inverno), pequeno número de unidades de beneficiamento e a desorganização da cadeia produtiva são pontos de atenção. “O desafio é transformar os produtores dispersos em organizações coletivas, que tem uma força maior no mercado. Também é interessante investir em especializações e produtos nobres, além de apostar na certificação e rastreabilidade”, recomenda coordenadora da Emater-MG.
Por Flávia Freitas - Assessoria de Comunicação – Emater-MG