Ano 11 / Edição 115 - Março 2017
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Editorial
Editorial
Carne Fraca
O tsunami que se abateu sobre o setor de carnes brasileiro varreu em meio ao lamaçal
da corrupção, vários anos de construção de marcas reconhecidas internacionalmente pela
qualidade dos seus produtos: bovinos, suínos e frangos. Conquistada com altos investi-
mentos em marketing, em genética, em pesquisa, em um mercado mundial extremamente
competitivo. Vencemos a aftosa, a vaca louca, a gripe aviária, a peste suína. Nosso sistema
de vigilância sanitária sempre esteve acima de qualquer suspeita, o SIF (Serviço de Inspe-
ção Federal) era garantia de segurança de uma carne saudável. Se constrói em décadas
uma imagem positiva que se destrói em um dia. Todos sairão perdendo, esta derrota é de
todos os brasileiros, envergonhados com tantos escândalos de corrupção: no setor público,
nas empresas, nos podres poderes da nação.
Mas o produtor rural mais uma vez pagará a conta, são as principais vítimas. Investem
em genética, em pastagens, em cruzamentos, sempre buscando aprimorar a qualidade da
carne para alimentar o Brasil e o mundo.
Para o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João
Martins, os produtores são as grandes vítimas do esquema de “maquiagem” de carnes
estragadas descoberto pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Martins cobrou
punição enérgica aos agentes públicos e às empresas envolvidas no esquema criminoso.
“Os produtores rurais e a população brasileira são as principais vítimas. Como prioridade,
o governo deveria dar satisfação e explicações convincentes”, afirmou Martins.
Martins afirmou que o governo também tem que ter firmeza para punir não só os servi-
dores, mas também aqueles da indústria que estão envolvidos com o esquema descoberto
pela PF. E que o fato de algumas unidades terem sido atingidas não significa que todo o
sistema de industrialização seja frágil.
“A população brasileira precisa ter a certeza de que está consumindo carne com inspeção
perfeita, carne da melhor qualidade possível”, disse. No primeiro momento, os produtores