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Nobel da Paz destaca papel do Brasil na garantia de segurança alimentar mundial

Para Rattan Lal, o País desempenha um papel estratégico na construção de um futuro mais sustentável para a agricultura global

Atualmente, a população mundial ultrapassa 8 bilhões de pessoas, com um crescimento de 1,14% ao ano. No entanto, a área de terra arável per capita está em constante declínio. Além disso, cerca de 30% das terras agrícolas estão degradadas, o que afeta diretamente a justiça alimentar e os direitos humanos. Outro desafio significativo é a disponibilidade de água doce, com 30 países enfrentando níveis críticos de menos de 1000 m³ por pessoa, número que pode aumentar para 58 países até 2050, afetando 4 bilhões de pessoas.

“O cenário climático também preocupa, com as concentrações atmosféricas de CO₂ atingindo 427 ppm e o consumo de energia crescendo constantemente, o que agrava a insegurança alimentar e nutricional em escala global, comprometendo a paz, enquanto 821 milhões de pessoas já sofrem com a fome”, afirmou Rattan Lal.

Para enfrentar esses desafios, Lal pontuou a importância da Agricultura 4.0, uma revolução tecnológica impulsionada pela inteligência artificial (IA), sistemas ciberfísicos, internet das coisas (IoT), robótica e big data. Essa nova abordagem visa aumentar a produtividade e a eficiência da agricultura, utilizando inovações que vão desde a agricultura espacial e robótica até a agricultura de precisão e de carbono. Essas tecnologias prometem melhorar a gestão dos recursos naturais e promover uma produção agrícola mais sustentável, base para garantir a segurança alimentar e ambiental no futuro.

Em sua palestra, Lal propôs uma visão inovadora sobre os “Direitos do Solo”, argumentando que, assim como os humanos e os animais têm direitos universais, o solo também deve ter seus direitos reconhecidos e protegidos. “Como a base de toda a vida na Terra, o solo precisa ser gerido de forma responsável, restaurado e protegido, principalmente em áreas agrícolas de alta qualidade e ecorregiões sensíveis. O reconhecimento dos direitos do solo é fundamental para garantir a sustentabilidade a longo prazo e a saúde dos ecossistemas, assim como um futuro mais equilibrado e sustentável”, defendeu.

O Nobel da Paz concluiu sua apresentação destacando que o Brasil, com sua grande extensão de terras agrícolas e rica biodiversidade, desempenha um papel estratégico na construção de um futuro mais sustentável para a agricultura global. “Implementar as inovações da Agricultura 4.0 e adotar práticas sustentáveis de uso da terra são medidas para posicionar o país como líder na promoção da segurança alimentar e ambiental em um mundo que enfrenta desafios cada vez maiores”, salientou.

Por Juliana Bonassa