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Mercado lácteo brasileiro enfrenta valorização impulsionada por clima adverso em setembro de 2024

A falta de chuvas e o calor excessivo reduziram a disponibilidade de pastagens, prejudicando diretamente a alimentação do gado e resultando em uma menor produção de leite. Como reflexo, as cotações do leite Spot e dos derivados lácteos como queijos, manteiga e leite em pó seguiram firmes, mantendo uma valorização que trouxe um alívio para os produtores que enfrentaram meses de preços baixos.

Demanda interna sustentada e estoques reduzidos

Apesar do clima adverso, a demanda interna por produtos lácteos manteve-se sólida, sustentada por indicadores econômicos favoráveis, como crescimento no emprego e aumento da renda. Essa situação ajudou a absorver o impacto de uma oferta reduzida e evitou quedas expressivas no consumo. A expansão do crédito também favoreceu o poder de compra do consumidor, o que continuou a impulsionar o mercado.

Além disso, o elevado volume de importações de leite e derivados não foi suficiente para atenuar a pressão sobre os preços no mercado interno. Com a demanda aquecida, a baixa oferta se refletiu em cotações mais altas, que devem se manter ao longo dos próximos meses, ainda que a produção possa se recuperar com a melhora das condições climáticas esperada para o final do ano.

Valorização ao produtor impulsionada pelos Conseleites

Os Conseleites (conselhos paritários que indicam tendências de preço) dos principais estados produtores de leite indicaram uma valorização significativa nos pagamentos aos produtores pelo leite entregue em setembro. Esse cenário de alta foi mais acentuado na região Sul do Brasil, que liderou o aumento dos preços em linha com a valorização do leite Spot e dos derivados.

Com a entrada do período de maior produção láctea, esperado para o final de 2024, a relação de troca do pecuarista deve melhorar, trazendo mais competitividade e potencial para a recuperação da oferta. Mesmo assim, o clima será um fator decisivo para determinar a estabilidade do mercado nos próximos meses.

Milho, soja e boi gordo também sofrem impacto climático

Os principais insumos para a alimentação do gado, como o milho e o farelo de soja, também tiveram seus preços elevados em setembro, em parte devido ao mesmo cenário climático. O atraso no plantio da safra de verão e o risco de menor produtividade sustentaram as cotações no mercado interno. A combinação de menor oferta de grãos e custos mais altos para os produtores de leite adicionou mais pressão sobre o preço final do leite.

O mercado de boi gordo, após um período de declínio, também registrou valorização. A dificuldade de abastecimento dos frigoríficos, combinada com a crescente demanda tanto no mercado interno quanto nas exportações, elevou o preço da arroba. Esse cenário trouxe alívio ao setor, que vinha enfrentando desafios com a queda nos preços ao longo do ano.

Perspectivas para o final de 2024

A expectativa para os próximos meses é de que a oferta de leite se recupere gradualmente, à medida que as condições climáticas melhorem. No entanto, a demanda aquecida e os desafios no custo de produção podem manter os preços em patamares elevados. O mercado de insumos, como milho e soja, também seguirá monitorado de perto, com o clima desempenhando um papel crucial no comportamento dos preços.

Com o mercado de leite e derivados fortalecido e preços valorizados, os produtores de leite devem ficar atentos à evolução climática e aos sinais dos Conseleites para planejar a produção e garantir a viabilidade econômica nos meses finais de 2024.

Fonte: Centro de Inteligência do Leite