Surto de Influenza Aviária Impacta Exportações Brasileiras e Mercado Interno de Frangos e Ovos
Geraldo Nogueira - MTB 17886MG
O avanço dos casos de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) no Brasil começa a gerar impactos significativos tanto nas exportações de carne de frango e ovos, quanto no mercado interno. Apesar do Brasil permanecer, até o momento, com o status de país livre da doença em granjas comerciais — segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) —, os registros em aves silvestres e casos isolados acenderam o sinal de alerta nos principais mercados compradores.
Impactos nas Exportações
O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, com embarques para mais de 150 países. A confirmação de casos da doença, mesmo fora das granjas comerciais, gerou restrições temporárias em alguns mercados específicos, principalmente aqueles que adotam políticas mais rigorosas de proteção sanitária.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), países da Ásia e do Oriente Médio demonstraram cautela, e alguns importadores adotaram exigências sanitárias adicionais, o que pode atrasar ou suspender temporariamente os embarques de determinadas regiões brasileiras.
“O maior risco é que algum foco atinja granjas comerciais. Isso geraria restrições mais severas, impactando diretamente as exportações, com perdas bilionárias,” afirma Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Além disso, os custos operacionais estão aumentando. As empresas precisaram intensificar as medidas de biosseguridade, o que inclui barreiras sanitárias, controle rigoroso no transporte de aves e colaboradores, além de investimentos em monitoramento e testagem constante.
Reflexos no Mercado Interno
O mercado interno também sente os efeitos. A perspectiva de possíveis restrições externas gerou, inicialmente, uma pressão baixista sobre os preços da carne de frango no mercado doméstico. Contudo, esse efeito tem sido compensado por dois fatores:
Aumento dos custos de produção, devido aos gastos com medidas sanitárias e prevenção.
Maior demanda interna, à medida que parte da produção destinada à exportação permanece no país.
No setor de ovos, o impacto é duplo. Por um lado, há temor de recuo na demanda externa — especialmente de mercados que importam ovos férteis e industrializados —, e por outro, o custo de produção se eleva, refletindo em preços mais altos para o consumidor final.
Risco de desabastecimento e segurança alimentar
As autoridades brasileiras, como o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), garantem que o risco de desabastecimento é mínimo, desde que o surto permaneça restrito a aves silvestres. Entretanto, se a doença atingir granjas comerciais, o impacto poderá ser severo, tanto na oferta quanto na formação dos preços de frango e ovos no país.
O governo federal e os órgãos estaduais intensificaram as ações de vigilância, com campanhas de orientação aos produtores, bloqueios sanitários em áreas de risco e suspensão de feiras, exposições e eventos com aglomeração de aves.
Projeções e Desafios
Especialistas indicam que, caso o Brasil consiga controlar a influenza aviária apenas no ambiente silvestre, o impacto nas exportações será limitado e temporário. No entanto, a manutenção do status sanitário requer vigilância permanente e protocolos rigorosos.
“O Brasil tem hoje o maior e mais robusto sistema de defesa sanitária avícola do mundo. Mas a influenza aviária é um desafio global e exige respostas rápidas e coordenadas,” ressalta Santin.
O surto global da doença já impactou fortemente outros países produtores, como Estados Unidos, Japão e União Europeia, que enfrentaram desabastecimento, alta nos preços e perdas econômicas significativas.
O cenário é de atenção máxima para o setor avícola brasileiro, que busca equilibrar medidas de controle, manutenção dos mercados externos e estabilidade no abastecimento interno. As próximas semanas serão cruciais para definir se o país consegue manter seu status sanitário e minimizar os impactos econômicos e comerciais.