Mercado Lácteo Brasileiro em Outubro de 2024: Perspectivas e Desafios no Setor
Cenário Internacional: Oferta Limitada e Pressão nos Preços
A produção de leite global continua enfrentando desafios. Nos Estados Unidos, a produção diminuiu devido à redução do rebanho leiteiro, enquanto a Argentina e o Uruguai enfrentam problemas climáticos e baixa rentabilidade, resultando em menores volumes de leite. A União Europeia apresenta uma recuperação irregular na produção, com queda em julho, enquanto a Oceania apresenta melhores perspectivas, especialmente com a Nova Zelândia e a Austrália prevendo crescimento. Essa oferta restrita sustenta os preços internacionais, com o leite em pó integral cotado em US$3.500/tonelada. Adicionalmente, os conflitos no Oriente Médio e dificuldades logísticas pelo Mar Vermelho agravam os custos de transporte entre regiões como Oceania/Ásia e Europa/Norte da África, impactando a distribuição e preços globais.
Cenário Nacional: Aumento da Demanda e Recuperação de Preços
No Brasil, a demanda por leite e derivados foi impulsionada por indicadores econômicos favoráveis. O mercado de trabalho registrou 102 milhões de pessoas ocupadas em julho, e a massa salarial cresceu 7,5% entre janeiro e julho em comparação ao ano anterior. O crédito para pessoa física cresceu 15,5%, totalizando R$316 bilhões até julho, o que estimulou o consumo, com aumento de 5,5% nas vendas de supermercados no período de 12 meses.
Por outro lado, a produção nacional de leite mostrou um crescimento tímido de apenas 1,58% no primeiro semestre. Enchentes no Rio Grande do Sul e, posteriormente, clima quente e seco nas principais regiões produtoras dificultaram a expansão da oferta e elevaram os preços internos. Em resposta a essa menor oferta, o preço do leite ao produtor, que havia caído em julho, voltou a subir em agosto e manteve-se firme em setembro. No atacado, os derivados lácteos também registraram alta, fortalecendo as cotações do mercado Spot.
Perspectivas para os Próximos Meses
Com a chegada das chuvas de primavera e o consequente crescimento das pastagens, espera-se um aumento da oferta de leite no final de 2024. Essa expansão será estimulada pela melhor rentabilidade das fazendas e pela sazonalidade da produção brasileira. O plantio da safra de verão de grãos, especialmente de milho e soja, embora afetado por atrasos iniciais, apresenta boas perspectivas, e a estabilização dos preços desses insumos tende a favorecer o setor lácteo, que se beneficia de custos relativamente acomodados.
Ainda assim, os desafios climáticos e as oscilações de preços dos grãos podem impactar os custos de produção. O crescimento econômico previsto de 3% para 2024 e o bom desempenho das vendas, que absorvem tanto a produção interna quanto os produtos importados, sustentam um otimismo cauteloso para o setor.
Tendências e Desafios
A consolidação do setor lácteo brasileiro continua sendo uma tendência importante, com transformações e necessidade de foco na eficiência e na gestão das fazendas e laticínios. A busca por inovação em produtos e processos e a adoção de tecnologias serão fundamentais para a competitividade. O Brasil, nesse contexto, deve priorizar a melhoria da eficiência produtiva para atender a demanda crescente e reduzir a dependência das importações, em um mercado onde a demanda segue estável e a oferta enfrenta restrições.
Essas variáveis ilustram um cenário promissor, mas que exige uma gestão estratégica e adaptativa para superar os desafios e garantir a sustentabilidade econômica e a expansão do setor lácteo brasileiro.
Com Informações do: Centro de Inteligência do Leite: https://www.cileite.com.br/nota_conjuntura_outubro_2024