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A correção da acidez de solo, por ser um investimento de baixo custo, empregando insumo abundante e totalmente nacional, não tem tido nas últimas décadas a devida atenção do nosso governo". Com essa frase, a Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal) reivindicou ao governo federal atenção especial quanto à calagem dos solos.

O processo da calagem favorece o desenvolvimento das raízes e facilita a utilização dos nutrientes do solo e dos adubos pelas plantas. A produção nacional no campo teria melhores resultados, num dos poucos setores que tem apresentado bons resultados na economia, tanto para consumo interno como das exportações.

"A questão envolve a economia nacional como um todo. A maior parte das terras no Brasil apresenta acidez. Feita a calagem, a colheita seria superior ao que temos hoje, sem a necessidade de novas fronteiras agrícolas", disse Oscar Alberto Raabe, presidente da Abracal.

O documento com a frase foi entregue ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no final do ano passado. Nele, outro item de peso na contabilidade dos agricultores é discutido - os fertilizantes, cuja eficiência é menor quando aplicado em áreas sem calagem.

O calcário surge como principal corretivo utilizado na calagem. Mas o cenário é outro. "Prefere-se desperdiçar fertilizante importado, considerado hoje pelas nossas autoridades como altamente estratégico, pois nossa agricultura com elevada participação no PIB-Brasil depende fundamentalmente da importação do insumo", aponta o estudo.

Hoje o Brasil utiliza 31 milhões de toneladas de calcário por ano. "Poderíamos pelo menos dobrar esse consumo caso o governo adotasse uma atenção especial à prática da calagem", avalia Raabe.

Entenda a relação entre calagem e adubo

Os solos brasileiros são ácidos por natureza e pelo uso;

 Em solo ácido, o desperdício dos fertilizantes NPK incorporados supera 30%;

 Fertilizantes NPK são preponderantemente importados e tem custo elevado;

 NPK é uma sigla utilizada em estudos de agricultura, que designa a relação dos três nutrientes principais para as plantas (nitrogênio, fósforo e potássio), também chamados de macronutrientes, na composição de um fertilizante;

O calcário, carbonato de cálcio e magnésio, é um insumo completo, pois atua como fertilizante disponibilizando para a planta os macronutrientes cálcio e magnésio, e, como corretivo de acidez pela combinação do radical CO3 com H livre no solo;

Calcário é abundante e bem distribuído no Brasil, consequentemente de fácil acesso a todas as regiões agrícolas;

Calagem de solos agricultados é um investimento de capital, com retorno de três vezes o valor aplicado;

A correção de acidez do solo deve anteceder à adubação e ao plantio em no mínimo 90 dias;

O governo tem a responsabilidade de promover, incentivar e apoiar o racional uso do solo.