fbpx

O Algodão Colorido na Agricultura Familiar: Uma Nova Perspectiva Sustentável

De acordo com dados da Embrapa Algodão, atualmente, entre 400 a 500 hectares estão dedicados ao cultivo dessa fibra naturalmente colorida no país. As primeiras variedades foram desenvolvidas pela Embrapa Algodão, marcando um marco importante na diversificação da produção de algodão no Brasil. A cultivar mais predominante é a de tonalidade marrom, seguida pelo algodão verde, enquanto uma variedade alaranjada está em fase de estudo.

O Nordeste, em particular o semiárido, emergiu como um centro para essas plantações, com a Paraíba liderando o caminho. Na região, a maioria das lavouras possui certificação orgânica, destacando o compromisso com práticas agrícolas sustentáveis. Um exemplo inspirador é o agricultor Alexandre Almeida da Silva, que, desde 2004, cultiva cerca de 4 hectares de algodão colorido a cada safra. Em seu assentamento em Remígio, ele adotou um sistema agroecológico, integrando o cultivo do algodão com milho e feijão, demonstrando a viabilidade dessa abordagem diversificada.

Silva destaca que o manejo para o algodão colorido é semelhante ao do branco, porém, essa fibra demonstrou uma resistência superior, além de proporcionar um valor de mercado cerca de 10% maior. No entanto, a demanda supera a oferta atual, evidenciando o potencial de crescimento desse mercado. A expectativa de instalação de uma usina própria na região sugere um horizonte promissor para a expansão da produção.

Marenilson Batista, pesquisador da Embrapa Algodão, ressalta a evolução genética que tornou a fibra colorida mais competitiva no mercado, apesar de algumas especificidades inferiores em comparação com o algodão branco. A vantagem ambiental também é notável, com um menor consumo de água e corante durante o processo de produção, o que é especialmente relevante em regiões onde os recursos hídricos são escassos.

Além do Nordeste, outras regiões do Brasil estão adotando o cultivo do algodão colorido, ampliando ainda mais o alcance dessa tendência. O valor agregado dessa commodity está impulsionando os agricultores familiares do semiárido a investirem na cotonicultura, oferecendo uma fonte adicional de renda e fortalecendo a resiliência econômica das comunidades locais.

Em suma, o cultivo do algodão colorido na agricultura familiar representa não apenas uma oportunidade econômica, mas também um passo em direção a uma agricultura mais sustentável e resiliente, alinhada com as demandas atuais por práticas agrícolas responsáveis e produtos ambientalmente conscientes.