Queda de preços em plena entressafra. Oferta elevada + demanda enfraquecida
Já o lado da demanda mostrou enfraquecimento: crédito mais restrito, leve redução no número de pessoas ocupadas e inflação elevada, fazendo o consumidor frear gastos com lácteos — resultado: queda de cerca de 10% nos produtos ao consumidor só em abril, reforçando a pressão sobre preços na entressafra .
Preços spot reagindo no varejo
Segundo a MilkPoint Mercado, o leite “spot” (venda imediata entre produtores e indústrias) registrou recuo de R$ 0,05 na segunda quinzena de maio, ficando em R$ 2,75/litro em média no Brasil. Setores como Minas Gerais e Goiás viram quedas mais acentuadas, enquanto estados do Sul (SC e PR) mantiveram certa estabilidade
Conseleites projetam recuo dos preços ao produtor
Minas Gerais: recuo de 3,6%.
Santa Catarina: queda de 1,2%.
Rio Grande do Sul: projeção de referência em R$ 2,4443/litro para maio (pagamento em junho), com redução de 3,12% frente a abril
Mato Grosso: recuo de cerca de 1,7% entre abril/maio nas diferentes faixas de qualidade do leite .
Paraná: referência projetada para abril/maio caiu R$ 0,0537, cerca de –2,13%, com leite pasteurizado estimado em R$ 4,3595/l
Derivados industriais: forte pressão baixista
Dados da Câmara Técnica de Goiás apontam uma queda média de 2,41% na “cesta” de derivados — creme de leite (-7,19%), muçarela (-3,22%), UHT (-2,13%), leite condensado (-2,0%) e leite em pó (-0,36%). Essa tendência pressiona tanto os laticínios quanto o produtor, embora possa criar oportunidade de repasse ao consumidor.
Contexto macroeconômico favorável à estabilização cambial
Os mercados de milho e soja caíram ao longo de maio devido a uma safra nacional robusta e bom ritmo de plantio nos EUA, reforçados pelo real valorizado frente ao dólar — sinalizando menor pressão de custos sobre a pecuária e insumos do leite
No mercado bovino, os preços recuaram também na entressafra — com leve recuperação no fim do mês, embora o bezerro tenha se valorizado para reposição.
Cenário internacional
Enquanto os preços no mercado doméstico recuam, o mercado internacional de lácteos está mais equilibrado, o que poderia beneficiar as exportações e conter ainda mais as pressões baixistas internas .
🧭 Panorama resumido — Maio/2025
Ponto principal Impacto no mercado
Oferta mais alta na entressafra Preços pressionados
Demanda fraca Afeta preços ao consumidor
Spot se ajusta abaixo da média R$ 2,75 Redução visível no campo
Derivados industriais caem >2% Pressão na indústria e varejo
Conseleites em queda de até –3% Produtor sentindo impacto
Contexto macro + câmbio Reduz custos de produção
Perspectivas e recomendações
Atenção à sazonalidade e à importação: A retomada da demanda ou restrição nas importações pode inverter a tendência.
Foco em qualidade: Conseleites apontam que produtores que investem em qualidade têm melhores remunerações — mesmo com tendência geral de queda.
Oferta de derivados: Acessibilidade no curto-prazo sugere busca por produtos de alto valor agregado ou diferenciação.
Olhar para o cenário global: Preços estáveis no mercado externo podem abrir oportunidades para exportação, quando o real se valorizar.
Planejamento de safra e insumos: Custos menores com milho e soja beneficiam o setor, mas necessidade de monitorar pressão inflacionária e crédito ao consumidor.
Conclusão
Em maio de 2025, o mercado de leite e derivados enfrentou um movimento atípico de queda nos preços durante um período normalmente de defasagem de oferta, articulado à alta produção, importações, enfraquecimento do consumo, e pressão sobre os derivados. A indústria e o produtor sentiram o impacto direto, enquanto fatores externos e macroeconômicos oferecem algum alívio nos custos.
O segundo semestre exigirá atenção: a retomada da demanda, limitação de ofertas ou ações de política comercial podem alterar esse quadro, assim como investimentos em qualidade que ajudam a mitigar perdas.
Informações da redação do Jornal AgroNegócio